Todos nós já dissemos isso, em voz alta ou em pensamento: “Se Deus me dissesse o que fazer, eu com certeza faria!”

Queremos seguir a vontade de Deus e, quando estamos diante de uma grande decisão, parece que um comando audível de Deus — ou mesmo algum tipo de indicação enfática — seria extremamente útil, para não dizer eficiente.

Quando o caminho adiante parece obscuro, começamos a nos perguntar por que os céus não podem simplesmente se abrir e nos dar um pouco de direção. Afinal, Deus fez isso por pessoas na Bíblia. Ele não poderia fazer também por nós? Eu me pergunto, porém, se não estamos perdendo um pouco da direção óbvia que está bem debaixo do nosso nariz.

É verdade que a Bíblia contém vários relatos de pessoas que ouvem a voz de Deus dizendo-lhes o que fazer, de forma audível. Elas recebem exatamente o que nós dizemos querer: orientações claras da boca de Deus. Mas, em vez de se apressarem a obedecer, de forma alarmante, costumam hesitar ou ignorar a direção de imediato.

Moisés hesita, quando Deus fala com ele da sarça ardente, dizendo-lhe expressamente para resgatar Israel da escravidão. Israel ignora as trovejantes ordens de Deus no Sinai, apesar de sua afirmação inicial de “fazer tudo o que o Senhor disse”. Quando Deus fala com Gideão na eira, este hesita e pede uma série de sinais como confirmação. E vamos lembrar também os mais famosos de todos, Adão e Eva, que recebem de forma audível uma ordem a respeito de um certo fruto, a qual eles claramente ignoram.

À luz das evidências, parece duvidoso que [ouvir] a voz de Deus, de forma audível, inspiraria mais fé ou asseguraria mais obediência de nossa parte do que no caso dos que vieram antes de nós.

Mesmo assim, insistimos em buscar uma maneira de ter certeza do que Deus deseja que façamos. Nós colocamos “uma porção de lã” de certo modo na eira (Jz 6.37), pensando: “Se X acontecer até esta data, saberei que Deus quer que eu faça Y.” Fazemos um jejum de comida, TV ou das redes sociais, na esperança de obter clareza sobre uma decisão. Procuramos a solidão, na esperança de ouvir uma voz mansa e suave. Esperamos a confirmação vinda de um amigo ou do cônjuge. Apertamos os olhos para o céu, na esperança de ver aparecer nas nuvens algo escrito à mão. Por favor, Senhor — apenas me diga o que fazer.

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Enquanto procuramos a vontade de Deus para as circunstâncias que vivemos, se não tomarmos cuidado, podemos negligenciar sua vontade para nosso caráter. Em nosso desejo de certeza, podemos nos fixar em fazer e nos esquecer de ser.

No entanto, Deus deixa claro que sacrifícios e ofertas (nossos feitos) nunca foram o que ele deseja; ao contrário, [ele deseja] corações (nosso ser) que o busquem, corações que anseiem por santidade (Sl 40.6-8).

Deus tem para nossa vida uma vontade que está claramente declarada: que sejamos santificados, feitos santos, conformados à imagem de Cristo (1Ts 4.3; Ef 5.1). Quando essa vontade se torna nossa primeira preocupação, conseguimos deixar de dar importância à nossa busca por pistas nas nuvens ou escritos na parede. Felizmente, esses sinais não são necessários para determinar quem Deus deseja que sejamos.

Você nunca terá que colocar um pedaço de lã na eira para saber com certeza que é a vontade de Deus que você viva de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente (Tt 2.12).

Você nunca terá que jejuar para ter 100 por cento de certeza de que é a vontade de Deus que você seja livre da ambição egoísta e da vaidade (Fp 2.3).

Você nunca terá que procurar letras escritas na parede para saber, sem sombra de dúvida, que é a vontade de Deus que você deixe de lado a impureza e a cobiça (Ef 5.3).

Você nunca terá que esperar pela confirmação de um amigo ou de seu cônjuge de que é a vontade de Deus que você seja tardio para irar-se (Tg 1.19).

Você nunca terá que ouvir uma voz mansa e suave para saber, sem reservas, que é a vontade de Deus que você pratique a ação de graças (Ef 5.4).

Você nunca terá que procurar no céu uma mensagem nas nuvens para saber, sem a menor dúvida, que é a vontade de Deus que você seja santo e irrepreensível (Ef 1.4).

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Deus realmente falou conosco, e com clareza, por meio de sua Palavra.

Para a vida e a piedade, não precisamos de outro sinal senão o sinal vivificador de Jonas: Cristo ressuscitou, e a graça que recebemos como resultado disso está nos transformando à sua imagem.

Somos chamados para sermos transformados. Buscamos primeiro seu reino e sua justiça, confiando nossas circunstâncias aos seus cuidados soberanos e submetendo nosso caráter à sua graciosa vontade.

Jen Wilkin é esposa, mãe e professora da Bíblia com uma paixão por ver mulheres se tornarem seguidoras de Cristo. Ela é a autora de Women of the Word,In His Image, e None Like Him.

Traduzido por Mariana Albuquerque

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