Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse! (LUCAS 1.45)

Poucas interrupções na vida são tão incômodas quanto uma viagem, especialmente quando a ela se somam a fadiga e o enjoo matinal que muitas vezes acompanham o início de uma gravidez. A viagem de Maria, partindo de Nazaré para a colinas da Judeia, não foi fácil nem segura. Ainda assim, encorajada por sua fé, mas também precisando de apoio, Maria enfrentou essa viagem grávida, pobre e provavelmente perplexa. Por que, afinal, optou por ir?

Gabriel havia dito a Maria que sua parente Isabel também estava esperando um filho — o que era um milagre para uma mulher como ela, de idade já avançada. Reconhecendo que Isabel era a única pessoa na face da terra que poderia entender o que estava passando, Maria foi até ela. E quando lá chegou, Isabel fez a exata saudação de que Maria tanto precisava: “Bendita é você entre as mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz!” (Lucas 1.42). Isabel elogiou Maria por sua resposta de fé. Com essas palavras, imagino que os temores de Maria relacionados à gravidez inesperada e às consequências desconhecidas para sua vida se desvaneceram em uma fé maior.

O encorajamento de Isabel lembrou a Maria que essa interrupção do Senhor em seus planos também era um convite — não apenas para carregar e dar à luz o Emanuel, o “Deus conosco”, mas também para se engajar em um senso mais profundo de comunidade, de “nós conosco”. Com o ânimo renovado pela bênção de Isabel, Maria respondeu com um cântico de louvor. E refletiu sobre esse convite à interdependência, em suas palavras finais do Magnificat: “Ajudou a seu servo Israel, lembrando-se da sua misericórdia para com Abraão e seus descendentes para sempre, como dissera aos nossos antepassados” (ESV). Em seu júbilo, Maria meditou sobre como precisamente esse mesmo Deus, que havia falado “aos nossos antepassados” que remontam a Abraão, tinha agora falado a ela e a Isabel.

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Maria acreditava no “Deus conosco”, e disse sim, quando o anjo Gabriel apareceu para ela. Mas sua fé ainda precisava ser nutrida. A Encarnação significou uma grande interrupção na vida de Maria; foi algo maravilhoso, sim, mas também foi um fardo pesado. Estava acontecendo com ela algo que nunca tinha se passado antes na história do mundo, e Maria precisava de apoio e de ajuda para aceitar e se preparar para tudo aquilo.

Então, ela se voltou para a piedosa Isabel. Só podemos imaginar o quanto foi fortalecedor para Maria ouvir palavras de bênção da boca de Isabel. Na verdade, eu diria que, sem o encorajamento de Isabel, não teríamos o Magnificat de Maria.

Esse é o poder da interdependência, da fé em comunidade. Em nossa sociedade individualista, muitas vezes é difícil estarmos abertos para sermos abençoados por outros. Estamos condicionados a considerar mais as possibilidades de dano do que a potencial ajuda da comunidade. Mas a verdade é que, assim como Maria, todos nós precisamos de um encorajamento como o de Isabel. A Encarnação é uma interrupção e um convite para conhecer o “Deus conosco” e também para abraçar o “nós conosco”.

Rasool Berry atua como pastor na área de ensino na The Bridge Church, no Brooklyn, Nova York. Ele também é o anfitrião do podcast Where Ya From?

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