Certa vez, a Christianity Todaypublicou um cartoon que mostrava o apóstolo Paulo chegando a Corinto e dizendo com mansidão: “Vejo que receberam minha carta”. Na estrada, para lhe dar as boas-vindas, via-se uma multidão furiosa de mulheres que empunhavam cartazes com os dizeres “Mulheres de Corinto unidas” e “O apóstolo Paulo é um porco chauvinista”. A imagem é divertida, mas o sentimento que transmite está longe da verdade. Para a época em que viveu, as cartas de Paulo eram radicalmente libertadoras e dignificantes para as mulheres, que tinham pouquíssimos direitos na cultura greco-romana oriental.

Os ensinamentos de Paulo sobre as mulheres têm sido, às vezes, mal compreendidos e mal aplicados, de uma forma que prejudica as mulheres. Por exemplo, em vez de dar atenção à ênfase de Paulo sobre a obrigação de o marido colocar os interesses da esposa à frente dos seus próprios, as pessoas muitas vezes interpretam erroneamente os comentários de Paulo sobre a submissão da esposa como uma tarefa para os maridos, como se eles devessem fazer com que suas esposas se submetam; ou como uma permissão para os maridos mandarem em suas companheiras; ou como justificativa para a prática de maldades, abusos ou até mesmo violência contra as mulheres.

No que diz respeito à sua visão sobre esses e outros textos relacionados ao casamento, as igrejas evangélicas continuam muito divididas quanto à questão do papel das mulheres na liderança da igreja. Com frequência, elas estão polarizadas ao longo de um espectro que tem, de um lado, os complementaristas (aqueles que acreditam que existem papéis distintos e complementares para homens e mulheres no casamento, na igreja e, às vezes, na sociedade) e, do outro lado, os igualitaristas (aqueles que negam que existam papéis distintos para homens e mulheres).

Apesar da lamentável divisão às vezes resultante dessas diferenças, algumas igrejas evangélicas decidiram respeitar os pontos fortes de ambos os pontos de vista e se concentrar naquilo que une complementaristas e igualitaristas de forma mais profunda . Para citar apenas um exemplo dessa unidade, a maioria dos complementaristas e dos igualitaristas celebra o valor intrínseco das mulheres e de seus dons. Eles sabem que as mulheres compartilham plenamente com os homens da imagem de Deus (Gênesis 1.27) e que homens e mulheres são coherdeiros da redenção realizada por Jesus Cristo e cobeneficiários do Espírito de Deus que foi derramado e de seus respectivos dons (Atos 2.17-21).

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Além disso, em sua maioria, complementaristas e igualitaristas acreditam que a Bíblia ordena que homens e mulheres exerçam seus dons espirituais para a edificação da igreja (1Coríntios 12.7). Isso abrange, em muitas circunstâncias, ensinar a Palavra de Cristo a todos, independentemente do gênero. Por exemplo, Paulo exorta os crentes no sentido de “que a palavra de Cristo habite ricamente em vocês, ao ensinarem e aconselharem uns aos outros com toda a sabedoria, e ao cantarem salmos, hinos e cânticos espirituais" (Colossenses 3.16, NVI, 1984). Nada nesse contexto sugere que Paulo tivesse em mente apenas homens, quando ele se refere àqueles que deveriam “ensinarem e aconselharem”.

A esse texto podem ser acrescentados muitos outros (como Hebreus 3.13 e 5.12), que incluem descrições de mulheres que ensinaram verdades espirituais a homens, nos mais variados contextos, fossem eles privados ou menos formais, como Abigail, que repreendeu Davi em 1Samuel 25, ou Priscila, que com seu marido, Áquila, corrigiu as imprecisões da teologia de Apolo, em Atos 18.26.

A maioria dos complementaristas está convencida de que 1Timóteo 2.12 (“Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio.”) proíbe as mulheres de ensinarem homens em circunstâncias específicas, no papel de pastoras ou de presbíteras na igreja. Mas muitos complementaristas, assim como os igualitaristas, não se oporiam a que uma mulher ensinasse física para alunos do sexo masculino em uma universidade local, ou que uma chefe mulher ensinasse um funcionário do sexo masculino a fazer seu trabalho, ou mesmo que uma esposa ensinasse seu marido a atualizar seu computador.

Da mesma forma, a maioria dos complementaristas, do mesmo modo que os igualitaristas, não se oporia ao fato de uma mulher fazer profecias (apesar das diferenças na forma como isso é entendido) ou orações em voz alta na igreja (1Coríntios 11.5; 14.3), mesmo que o conteúdo dessas profecias e orações possa estar repleto de percepções teológicas profundas. De igual modo, complementaristas e igualitaristas reafirmam mulheres que compõem ou que cantam músicas de louvor na igreja, e que assim ajudam na adoração e reforçam verdades bíblicas, ou mulheres que são autoras de comentários bíblicos acadêmicos com os quais os pastores e outras pessoas possam aprender.

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De fato, ambos os grupos [ou seja, complementaristas e igualitaristas] concordam que mulheres como Débora (Juízes 5), Ana (1Samuel 2) e Maria (Lucas 1) foram inspiradas pelo Espírito Santo a escrever várias porções das Sagradas Escrituras. Por meio de seus escritos, essas mulheres ensinaram homens e mulheres com autoridade inerrante ao longo dos séculos.

Complementaristas e igualitaristas não estão assim tão divididos quanto alguns pensam. Sua principal diferença diz respeito apenas à questão bem restrita do direito de mulheres ensinarem e liderarem homens dentro da igreja com autoridade que se possa caracterizar como de nível intermediário (que fica abaixo da autoridade das mulheres cujas palavras inspiradas foram incorporadas às Escrituras, mas acima da autoridade das mulheres que oram e profetizam em 1Coríntios 11).

Os cristãos de ambas as convicções e os que se situam entre elas têm uma profunda lealdade a Jesus Cristo e à sua Palavra e estão convencidos de que seu ponto de vista é o exigido pelas Escrituras. A lealdade comum à Palavra de Deus é o que constitui essa unidade mais profunda, que deve lhes permitir uma generosidade de espírito em relação àqueles que deles possam divergir nesse debate atual.

Complementaristas e igualitaristas podem alcançar maior compreensão e respeito mútuos aprendendo mais sobre três textos bíblicos importantes, citados com mais frequência em apoio aos principais pontos de discordância relativos aos papéis de gênero no que diz respeito à liderança da igreja: 1Timóteo 2, 1Timóteo 3 e Tito 1. Os desafios relacionados à interpretação desses textos podem incentivar uma maior tolerância para com aqueles que têm uma visão diferente da sua.

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A primeira passagem, 1Timóteo 2.12, é traduzida, segundo a versão NVI, 1984, como: “Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio”. Se isso for lido sem levar em conta o contexto, parece proibir qualquer mulher de ensinar qualquer coisa que seja a qualquer homem ou de ter qualquer posição de autoridade sobre qualquer homem. As mulheres devem “estar em silêncio”, ou seja, ficar caladas. Com base em seu contexto mais amplo, no entanto, a maioria dos intérpretes limita a aplicação dessa diretriz a ambientes eclesiásticos, especialmente ao culto público coletivo.

Os igualitaristas geralmente argumentam que Paulo pretendia que a proibição fosse apenas uma medida temporária, baseada no fato de que as mulheres eram normalmente menos instruídas do que os homens. Talvez, também, as mulheres em Éfeso, local onde Timóteo estava ministrando, pudessem ter sido suscetíveis a certos ensinamentos falsos ou estivessem elas mesmas promovendo ensinamentos errôneos de que a ressurreição já havia ocorrido (2Timóteo 2.18) e, portanto, não há mais casamento (1Timóteo 4.3; Marcos 12.25).

Alguns igualitaristas também consideram a expressão de Paulo “não permito” como um indicativo da natureza temporária dessa exigência. De qualquer forma, agora que as mulheres são tão instruídas quanto os homens, e uma vez que essa perigosa heresia deixou de ser uma ameaça, a proibição de Paulo não mais se aplica.

Os complementaristas geralmente concordam que alguns aspectos da admoestação de Paulo podem ser temporários ou culturalmente relativos, como a proibição de usar “cabelos trançados”, que vemos alguns versículos antes; eles, porém, insistem que esse pode não ser o caso de 2.12, uma vez que Paulo fundamenta esse versículo em normas criacionais, baseadas no relacionamento entre Adão e Eva (1Timóteo 2.13-15). Essa convicção a respeito do caráter permanente de 1Timóteo 2.12 parece persuasiva, mas, se examinarmos mais de perto, o apelo a Adão e Eva implica que o que Paulo pretendia não era uma proibição relacionada aos papéis de gênero, mas sim uma proibição sobre os papéis do casamento — como esposa e marido devem se relacionar um com o outro.

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Como Paulo corretamente reconhece, Gênesis 2.24 é explícito em sua conclusão de que o relato de Adão e Eva define o relacionamento matrimonial em que dois se tornam “uma só carne”. Adão se comprometeu perante Deus a amar e a cuidar de sua esposa, Eva, assim como ele ama e cuida de seu próprio corpo. Paulo se baseia nesse entendimento para construir sua metáfora sobre “cabeça-corpo” para o casamento, em Efésios 5.29-30: “Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros do seu corpo.”

Além disso, em Efésios 2, Paulo cita Gênesis 2.24 sobre como os dois se tornam uma só carne, provando que o texto de Gênesis é a inspiração para seu uso da analogia cabeça-corpo. Com base no uso frequente, no Antigo Testamento, da analogia do casamento para o relacionamento de Deus com Israel (Isaías 54.5-8; Ezequiel 16), Paulo usa a imagem da cabeça e do corpo para mostrar o amor de Cristo pela igreja, que é o seu corpo.

Portanto, quando fala de Adão e Eva — assim como ele faz em 1Timóteo 2 e em Efésios 5 — Paulo não está usando Adão e Eva como um modelo de como todos os homens devem se relacionar com todas as mulheres (papéis de gênero), mas sim como um modelo definitivo de como marido e esposa devem se relacionar um com o outro (papéis de casamento), exatamente como Gênesis 2.24 enfatiza.

É importante reconhecer que, no grego, os termos para homem (anēra) e mulher (gynē), usados em 1Timóteo 2, são, de fato, termos normalmente usados para designar “marido” e “esposa”. Às vezes, um artigo definido ou um pronome ajuda a indicar os significados pretendidos, mas, na maioria das vezes, é o contexto que permite que os tradutores tenham certeza.

Embora muitas versões bíblicas em inglês traduzam o versículo 12 como mulher e homem, é bem mais provável, dada a ênfase de Paulo em Adão e Eva, que este devesse ser traduzido do modo com foi, por exemplo, na Common English Bible (2019): “Não permito que uma esposa [gynē] ensine ou controle seu marido [anēr].” Não causa espanto o fato de que Martinho Lutero, muito antes do feminismo moderno, já reconhecesse que 1Timóteo 2 se refere explicitamente a maridos e esposas, não a homens e mulheres em geral.

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Três outras considerações apóiam a interpretação de 1Timóteo 2.12 para o casamento. Primeiro, no restante dos escritos de Paulo, a palavra anēr (que significa “homem” ou “marido”) ocorre 50 vezes em estreita proximidade com gynē (que significa “mulher” ou “esposa”), palavra que, por sua vez, aparece 55 vezes em 11 contextos distintos. Em todos os casos, esses termos têm o significado de “marido” e “esposa”, e não de “homem” e “mulher”.

Em segundo lugar, a lista detalhada de roupas e joias chamativas que são proibidas em 2.9 é paralela a listas semelhantes de adornos reprovados em outros textos greco-romanos, no período do Novo Testamento. A adesão a essas proibições é evidência do bom comportamento e da modéstia das esposas, e não das mulheres em geral. Portanto, Paulo parece já estar pensando em termos de maridos e esposas.

Terceiro, existem muitos paralelos de pensamentos e de palavras entre 1Pedro 3.1-7 e 1Timóteo 2.8-15. Pedro reconhece explicitamente que leu as cartas de Paulo (2Pedro 3.15), e é universalmente aceito que o texto de 1Pedro 3 se refere a casamento. Se permitirmos que a Escritura interprete a própria Escritura — ou seja, se permitirmos que aquilo que está claro ajude na interpretação do que está menos claro — a presença de tantos paralelos impressionantes entre 1Pedro 3 e 1Timóteo 2 cria uma base forte para a interpretação de que 1Timóteo 2 também se refere aos papéis do casamento, e não aos papéis de gênero.

É claro que ainda precisa ser esclarecido o que exatamente pretendem os mandatos em 1Timóteo 2.11-12, mesmo que pareça provável que esses versículos digam respeito ao relacionamento entre a esposa e seu marido: “A esposa deve aprender em silêncio e com total submissão. Não permito que a esposa ensine ou tenha autoridade sobre o marido; ela deve ficar em silêncio.” Também ajuda reconhecer que, em outros lugares, a Bíblia exige que os homens ou que todas as pessoas envolvidas fiquem “em silêncio” (1Tessalonicenses 4.11; 2 Tessalonicenses 3.12; 1Timóteo 2.2).

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Com base em exemplos como esses, a exigência de ficar “quieta” ou “em silêncio” pode significar — dependendo do contexto — por fim a uma fala indesejável, incômoda ou negativa (discutir, reclamar, importunar, irritar), e não necessariamente um silêncio absoluto (1Pedro 3.1).

A proibição de Paulo de que uma esposa ensine seu marido parece estranha, especialmente se considerarmos o relato positivo da Bíblia sobre a notável sabedoria de muitas mulheres, incluindo casos em que elas corrigem os próprios maridos (Juízes 13.23) ou quando Deus instrui um marido a fazer o que sua esposa lhe diz (Gênesis 21.12). Nesse texto, “ensinar” está associado a uma palavra grega rara, às vezes traduzida por “exercer autoridade sobre”, mas que também pode ser traduzida em termos que sugerem autoridade abusiva, como “dominar”, “controlar” ou “chefiar”. João Crisóstomo, pai da igreja, em uma homilia sobre Colossenses, usa a mesma palavra, quando adverte o marido a não “dominar” sua esposa.

Com base em exemplos como esse, a versão Common English Bible traduz 1Timóteo 2.12 como: “Eu não permito que uma esposa ensine ou controle seu marido”. Essa tradução sugere que a palavra frequentemente traduzida por “ensine” pode ter seu sentido menos comum, embora reconhecidamente pejorativo, de “instruir”, “dar aula” ou “dar ordem”, como acontece, por exemplo, em Mateus 28.15. Assim, uma tradução mais adequada da declaração de Paulo pode ser “Não permito que a esposa dê lições ou dê ordens ao marido, mas que fique quieta”.

A menção à “submissão” por parte das esposas, em 2.11, soa humilhante para alguns leitores, mas parece que o que se pretende é uma disposição receptiva, uma disposição para ouvir e ser persuadida conforme necessário, e não uma obediência irracional. É proveitoso reconhecer que outros textos bíblicos exigem que todas as pessoas, homens ou mulheres, sejam submissas a todas as autoridades governamentais (Romanos 13.1,5; Tito 3.1; 1Pedro 2.13-14) e até mesmo submissas apenas aos mais velhos (1Pedro 5.5).

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Tanto 1Timóteo 3 quanto Tito 1 insistem que os candidatos aos cargos de bispo ou de presbítero devem ser “marido de uma só mulher”. No entanto, essa instrução não pode ser vista como algo que desqualifica a questão das mulheres ocuparem cargos na igreja, pois a Bíblia quase sempre expressa generalizações, leis e normas de um ponto de vista convencionalmente androcêntrico, ou seja, masculino.

Por exemplo, cada um dos Dez Mandamentos é redigido em hebraico como algo que estivesse sendo falado apenas para homens (por exemplo, em hebraico, todas as formas do pronome “tu” estão no masculino singular), inclusive o décimo mandamento, que insiste: “[Tu (no masculino singular)] não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Êxodo 20.17). Os leitores sempre entenderam corretamente, entretanto, que esse e todos os demais mandamentos se aplicam igualmente às mulheres.

A mesma linguagem androcêntrica é usada para todas as descrições de cargos vistas em 1Timóteo 3 e Tito 1. Esse é o caso mesmo quando há evidências claras de que o cargo em questão de fato era permitido para mulheres, ainda que elas fossem menos comuns nessa função. Por exemplo, sabemos que havia mulheres que foram legítimas profetisas, como Miriam (Êxodo 15.20), Débora (Juízes 4.4), Hulda (2Reis 22.14) e Ana (Lucas 2.36). Contudo, as descrições do ofício de “profeta”, que se encontram em Números 12.6-8, Deuteronômio 13.1-5 e 18.14-22, são escritas como se só pudessem ser aplicadas a um homem. A linguagem androcêntrica para descrever um legítimo profeta do Senhor, em Números 12, é especialmente impressionante, já que o único profeta que há no contexto imediato é a profetisa Miriam.

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Se houver outros textos bíblicos que proíbam mulheres de servirem como presbíteras, 1Timóteo 3 e Tito 1 não estariam em desacordo com eles. Mas a linguagem androcêntrica dessas passagens não fornece uma base adequada para supormos que havia essa proibição. Talvez algo que sugira a possibilidade de que as igrejas do Novo Testamento incluíam tanto mulheres espiritualmente maduras quanto homens espiritualmente maduros seja a escolha do termo “anciãos”, no Novo Testamento, para se referir a esses líderes (veja Atos 14.23; 1Timóteo 4.14; 5.17; Tito 1.5; e 1Pedro 5.1).

A primeira ocorrência desse termo nas Escrituras, com seu sentido mais comum de referência a pessoas de idade madura, aparece em Gênesis 18.11, onde se refere a um homem e a uma mulher maduros: “Ora, Abraão e Sara eram anciãos bem avançados em idade” (tradução do autor).

O evangelicalismo histórico tem considerado outras questões secundárias — como o batismo, a política eclesiástica ou o estilo ideal de música de adoração — como importantes e dignas de serem examinadas em espírito de oração, mas não como motivo de obsessão divisionista. Não deve haver desculpa para que seguidores de Cristo se depreciem ou se desassociem uns dos outros por causa de questões secundárias.

Essa generosidade de espírito deve ser aplicada ao debate atual sobre os papéis de gênero na liderança da igreja. Não deveria ser necessário, nem mesmo por praticidade, que houvesse qualquer separação entre os seguidores de Cristo que defendem um ponto de vista e aqueles que defendem o outro. Tanto igualitaristas quanto complementaristas deveriam ser capazes de prosperar felizes na mesma igreja, independentemente da abordagem preferida por seus líderes.

Embora os igualitaristas aceitem que mulheres competentes sirvam como presbíteras ou pastoras, eles reconhecem que nenhum texto das Escrituras exige que haja uma presbítera ou pastora em sua igreja.

Da mesma forma, os complementaristas devem ser capazes de frequentar uma igreja em que mulheres sirvam como presbíteras ou pastoras. Naturalmente, os complementaristas não incentivariam nem votariam em nenhuma mulher para servir nessas posições de liderança.

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No entanto, para complementaristas que pertençam a uma igreja que tenha presbíteras ou pastoras, jamais seria pecado aprender ou seguir as orientações dessas mulheres, desde que tudo o que essas líderes preguem ou orientem seja fiel à Palavra de Deus. Por exemplo, se uma presbítera orientar a congregação a abrir um culto de adoração cantando “Maravilhosa Graça”, os complementaristas da congregação não devem hesitar em cantar esse hino, pois não seria pecado obedecer a essa orientação.

Qualquer discussão ou ensino sobre papéis de gênero e papéis no casamento deve estar aberta à correção e ser o mais generosa e respeitosa possível para com aqueles que tenham uma visão diferente. Que o Senhor nos oriente a continuar buscando as Escrituras e nos ensine a amar uns aos outros com mais humildade e tolerância.

Gordon P. Hugenberger é professor sênior de Antigo Testamento no Gordon-Conwell Theological Seminary e ex-pastor sênior da Park Street Church em Boston.

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