Leia Lucas 1.26-38
Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. (LUCAS 1.31-32)
O conceito abstrato de poder traz à mente terremotos e tempestades de trovões ou, quem sabe, presidentes e bilionários. O poder nu e cru detém nossa trajetória, forçando-nos a dar atenção a o que quer que seja ou a quem quer que seja que se ponha em seu caminho. Poucos de nós, porém, associam o poder ao útero. No entanto, o útero de Maria carregou o verdadeiro poder, oculto na sombra, invisível, difícil de imaginar.
Nisto encontramos um dos mais belos paradoxos da fé cristã: o Espírito Santo fez um pequenino bebê ser concebido num ventre de mulher, um bebê que era sua própria carne e seu próprio sangue, seu primogênito; este mesmo bebê não era outro senão o Filho de Deus, chamado “Filho do Altíssimo”.
Afinal, Jesus é filho de Maria ou Filho de Deus? É humano ou divino? Sim! As duas coisas são verdade em relação a uma só pessoa, a este bebê. Podemos imaginar Deus trazendo asalvação, ou podemos imaginar um ser humano heróico fazendo coisas revolucionárias. Mas [imaginar] uma única pessoa que é, ao mesmo tempo, plenamente Deus e plenamente homem, sem comprometer a integridade de nenhum destes dois lados? Este é realmente um belo paradoxo — um paradoxo que se encontra no coração da salvação humana.
Este poder não é uma força bruta e infinita, abstraída de todas as demais definições, mas sim a compaixão do Deus eterno, glorioso e santo que se revestiuem carne humana. Seu poder assume a forma de fraqueza, em uma solidariedade divina com a humanidade, forma inteiramente motivada por seu santo amor.
O anjo proclamou um acontecimento glorioso para Maria — e para nós. Jesus recebe sua plena humanidade de Maria, tornando-se como todos nós em todos os sentidos, exceto pelo fato de que ele refuta o pecado (Hebreus 4.15). Ainda assim, o filho de Maria existia antes de Maria, pois este é o eterno Filho de Deus, aquele que, como o Credo Niceno declara, é “Deus verdadeiro do Deus verdadeiro”. Tendo a natureza eterna de Deus, o Filho procede do Pai pelo Espírito, nunca cessando de ser o Deus Poderoso, ainda que verdadeiramente tornando-se o que não era: uma humilde criatura humana. Jesus — verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.
Como Leão I (400-461) escreveu em uma carta, quando comentava a encarnação do Filho: “O que ele fez foi aprimorar a humanidade, e não diminuir a divindade. Seu autoesvaziar-se — por meio do qual o invisível se revelou visível e o Criador e Senhor de todas as coisas, eleito para ser contado entre mortais — foi uma aproximação em misericórdia, e não uma falha de poder”. Do ventre de Maria vem o rei-salvador, cujo “reino nunca terá fim”. Que possamos, assim como Maria, responder como “serv[os] do Senhor”, dispostos a confiar no Deus Todo-Poderoso que amou sua criação o suficiente para nela habitar, tornando-se homem, e assim trazendo nova vida ao mundo. Sua plena divindade e sua plena humanidade proclamam seu poder, e ele nos diz: “Não temam”.
Kelly M. Kapic é teóloga do Covenant College e autora ou editora de vários livros, entre eles Embodied Hope e You're Only Human.
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