Em setembro de 2010, Albert Mohler, presidente do Southern Baptist Theological Seminary, provocou uma tempestade de textos em blogs e posts nas redes sociais, ao argumentar que ioga e cristianismo são coisas incompatíveis. “A aceitação da ioga”, escreveu ele, “é um sintoma de nossa confusão espiritual pós-moderna e, para nossa vergonha, essa confusão atinge a igreja”. Como era de se esperar, a crítica de Mohler não caiu bem entre aqueles que praticam ioga para saúde ou crescimento espiritual. Ele teria recebido centenas de respostas, a maioria delas de teor negativo.

A controvérsia em relação à prática da ioga não era nova. De certa forma, ela lembrava uma controvérsia anterior entre Doug Pagitt, um líder da igreja emergente, que foi convidado para debater com John MacArthur na CNN, em 2007. Mais uma vez, as linhas de batalha estavam claras: MacArthur descartava a ioga como forma degradada de espiritualidade incompatível com a vida cristã, enquanto Pagitt a aceitava como forma de integrar o corpo em um relacionamento com Deus.

O que quer que pensemos da relação entre ioga e cristianismo, ela funciona como um indicador cultural dentro do evangelicalismo e sua descendência. Pagitt e aqueles que reafirmam a ioga o fazem em uma tentativa genuína de cultivar uma fé holística, que resiste a uma divisão dualista entre corpo e espírito. Esse movimento pode ser entendido como uma extensão da famosa sugestão de Eric Liddell no filme Carruagens de Fogo: “Acredito que Deus me fez com um propósito, mas também me fez rápido. E quando corro, sinto que ele tem prazer nisso.” Se isso acontece com a corrida, por que não com a ioga? Embora quase todos os evangélicos queiram reafirmar o sentimento de Liddell, há uma óbvia discordância sobre exatamente quais atividades são compatíveis com esse sentimento e quais não são.

Os evangélicos claramente precisam de limites. A prática da ioga (ainda que apenas para benefícios de saúde) foi normalizada para a maioria dos cristãos tradicionais no Ocidente. Mas e quanto à próxima mania fitness da moda? No final de março de 2011, a ABC News informou que um grupo pequeno, mas sério, de mulheres havia participado de aulas de “pole dancing cristã”. “Deus nos dá esse corpo, e ele deve ser o nosso templo e nós devemos cuidar dele”, disse a instrutora Crystal Dean, “e é isso que estamos fazendo”. Aparentemente, Dean não vê nenhuma incongruência em girar sugestivamente [em torno de uma barra vertical] ao som da música de adoração de Matt Redman.

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Descobrindo o corpo

O benefício de tais controvérsias é que elas forçam os evangélicos a avaliarem e a articularem seriamente seus pensamentos sobre o lugar apropriado do corpo físico tanto em nossas práticas espirituais quanto em nossa teologia. A insatisfação cresce cada vez mais dentro do movimento evangélico, sugerindo que esta é uma discussão há muito tempo aguardada. Como escreveu o teólogo Michael Horton: “Parece que os críticos da religião americana nos dias atuais estão basicamente acertando o alvo, quando descrevem como essencialmente gnóstico todo o cenário da religião, desde a Nova Era ou os liberais, até os evangélicos e pentecostais”. Contra aqueles que transitam em noções “quase gnósticas” de “salvação da alma”, Horton sugere que o cristianismo genuíno é uma “religião telúrica e natural”.

Tais críticas, embora poderosas, às vezes minimizam a dinâmica única da espiritualidade e da prática evangélicas. De certa forma, os evangélicos estão mais interessados no corpo do que nunca antes. A atenção à cura física e a manifestações físicas da presença do Espírito Santo tem predominado por muito tempo dentro da ala carismática do evangelicalismo. Mas, hoje em dia, vemos ressurgir uma preocupação com a existência corpórea que está se espalhando por todo o movimento mais amplo: considere nossa maior sensibilidade às necessidades físicas dos pobres e nossa crescente apreciação pela beleza e pelas artes.

Esse interesse crescente pelas necessidades e expressões do corpo assume muitas formas. Veja, por exemplo, a renovada ênfase evangélica na dieta saudável, ou a consciência cada vez maior sobre os dilemas éticos na produção, na distribuição e no consumo de alimentos. Nosso gosto pelos esportes sem dúvida manifesta a seriedade com que desfrutamos dos prazeres que advêm da vida em um corpo. Além do mais, o fascínio de uma geração mais jovem pelas formas litúrgicas de adoração — fênomeno que Robert Webber percebeu há quase 20 anos — infundiu-se lentamente em muitas igrejas evangélicas. Em março de 2011, em St. Louis, a BiFrost Arts — uma nova organização dedicada a refletir sobre as formas como a adoração molda o corpo — organizou uma conferência voltada para presbiterianos de mentalidade litúrgica, mas também atraiu vários evangélicos de denominações tradicionais que estavam curiosos.

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Talvez o indicador mais significativo de que os evangélicos estão despertando para a questão do corpo seja o resgate das disciplinas espirituais, auxiliado por escritores como Dallas Willard e Donald Whitney. Willard, em particular, em livros como The Spirit of the Disciplines [O Espírito das disciplinas] e Renovation of the Heart [A renovação do coração], articulou uma espiritualidade moldada pelas Escrituras que se infiltra por todas as partes da pessoa humana. Esse movimento cresceu a ponto de ganhar apoio institucional, dentro e fora da academia.

Teologia fragmentada

O renovado interesse evangélico pelo corpo talvez tenha ficado mais evidente — e problemático — em nosso ensino sobre sexo e sexualidade. A partir da década de 1970, os evangélicos experimentaram o que alguns estudiosos descreveram como a nossa própria revolução sexual. Após a publicação de The Total Woman [A mulher total], de Marabel Morgan, manuais destinados a maximizar o prazer conjugal inundaram o mercado de livros evangélicos. Buscando justificar o prazer físico em meio a estereótipos de puritanismo e repressão, os evangélicos adotaram interpretações literalistas de Cantares de Salomão, argumentando não apenas que Deus criou o sexo como algo bom, mas que, para os cristãos, o sexo deveria ser mais frequente e mais prazeroso do que para quaisquer outras pessoas — em uma espécie de apologética do sexo, se me permite assim dizer. No mínimo, este é um cristianismo em expansão, um cristianismo que está tentando sair de dentro das quatro paredes da igreja para alcançar todas as partes de nossas vidas — em especial o corpo.

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A desvantagem é que os evangélicos às vezes são desajeitados em seus esforços para enxergar como a Palavra deve moldar a “carne”. Nossas abordagens em relação ao corpo muitas vezes ocorreram de maneira bastante fragmentada. Qualquer que seja a tendência que esteja em voga em dado momento, os cristãos prontamente respondem com uma versão própria, cristã, “aprovada por Jesus”, para essa tendência. Quando a dieta saudável se tornou moda, logo apareceu uma dieta cristã. À medida que a ioga ganhou popularidade, surgiu a ioga cristã. E enquanto a revolução sexual desfraldava suas bandeiras, os cristãos buscavam justificativas bíblicas para cederem aos prazeres da carne.

Embora o cristianismo claramente afete todos os aspectos de nossa vida no corpo, uma abordagem fragmentada a uma teologia do corpo tem desvantagens significativas. Para além da compreensão fragmentada do corpo, que vem do cuidado voltado apenas para uma série de atividades e funções, a ausência de um pano de fundo teológico abrangente corre o risco de reduzir nossos ensinamentos éticos e o cuidado pastoral a mero legalismo. Perdemos a noção de que o que o cristianismo propõe é mais um estilo de vida diferenciado do que uma lista moralizadora do que fazer e não fazer.

Existe um bem maior do que o prazer: o relacionamento mútuo de amor.

Além do mais, fragmentar ou dividir nossa teologia do corpo em análises separadas do sexo, da ioga ou de outras experiências acarreta dois riscos adicionais: se nos concentrarmos estritamente nas Escrituras, afirmaremos apenas o que seu texto explicitamente permite; ou, se nos concentrarmos estritamente no prazer físico, entregaremo-nos a uma “espiritualidade” de busca do prazer desvinculada do testemunho bíblico.

Portanto, o que os evangélicos precisam desesperadamente é de uma explicação ordenada de como as Escrituras informam nossa compreensão do corpo humano e de seus usos. Mas, com poucas exceções — como James K. A. Smith e Amos Yong — a teologia evangélica ainda está tentando recuperar o atraso nessa área. Como o teólogo do Westmont College, Telford Work, apontou recentemente nestas páginas, a teologia do corpo é uma das doutrinas menos desenvolvidas do evangelicalismo.

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Encontrando novos recursos

A dificuldade de passar da prática à teologia nunca foi tão clara quanto em nossa abordagem à sexualidade. Culturalmente falando, o prazer sexual tornou-se um bem inviolável que supera qualquer outra consideração, quando buscado por adultos e for consentido. Quando o professor de sexualidade da Northwestern University, J. Michael Bailey, organizou para os alunos um ato sexual ao vivo, depois da aula, ele o defendeu alegando que não “se renderia à negatividade e ao medo do sexo”. Uma dose de negatividade e de medo sem dúvida prejudicou o ensino evangélico sobre a sexualidade, mas nossa inquietação também reflete o fato saudável de levarmos em conta a decadência da humanidade. Não podemos ignorar o quão completamente o pecado corrompeu toda a criação, incluindo sobremaneira nossos apetites sexuais.

Envenenar ainda mais a luxúria por prazer de nossa cultura é uma mentalidade terrivelmente egoísta: costumamos dizemos que nada deve nos impedir de ter satisfação sexual, a não ser a ausência de consentimento ou a intenção de evitar danos corporais (e, às vezes, nem mesmo nesse último caso). Infelizmente, muitos evangélicos adotaram, ainda que às vezes com certo desconforto, justamente essas atitudes egocêntricas. Como um dos exemplos mais célebres, temos Douglas Rosenau, autor do best-seller A Celebration of Sex [A celebração do sexo], que endossa um “saudável egoísmo sexual”.

O desafio para uma compreensão evangélica da sexualidade, portanto, é articular a natureza do prazer e sua relação com a sexualidade de modo que não nos tornemos nem libertinos nem puritanos. Precisamos desenvolver uma visão do corpo que evite tratá-lo como um instrumento de prazer pessoal vinculado apenas a um mandamento de não prejudicar os outros. Caso contrário, acabaremos permitindo que atitudes hedonistas e egocêntricas se infiltrem em nosso ensino e, por fim, minem nosso testemunho.

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Para desenvolver uma teologia do corpo, os evangélicos devem olhar com profundidade para a nossa própria tradição, usando os recursos que temos à mão. Mas não devemos ter medo de consultar outras fontes de ensino cristão. Provavelmente, a obra que está mais pronta para o diálogo evangélico é a Teologia do corpo, de João Paulo II, uma compilação de preleções de rádio semanais que o Papa fez entre 1979 e 1984. A obra tem sido influente dentro do catolicismo romano, mas os evangélicos praticamente não tiveram nenhum envolvimento com ela. Glenn Stanton, do ministério Focus on the Family, tem sido uma espécie de profeta clamando no deserto. Pelo que posso dizer, seu panfleto de 2011 da Ascension Press — A Christian Response to the Sexual Revolution: An Evangelical Discovers the Theology of the Body [Uma resposta cristã à Revolução do sexo: um evangélico descobre a teologia do corpo] — constitui praticamente toda a reflexão evangélica impressa que temos sobre este tópico tão injustamente negligenciado.

Aprendendo com João Paulo II

Muiso são os desafios para nós, evangélicos, aprendermos com a obra do Papa João Paulo II. Além de divergências substanciais sobre as doutrinas da justificação, da autoridade da igreja e o conteúdo do cânon — algumas das quais são mais aplicáveis à obra Teologia do corpo do que outras — muitos evangélicos se recusarão a afirmar a sacramentalidade do casamento e os ensinamentos do Papa sobre contracepção.

Mas há benefícios para nós na leitura da obra de João Paulo. Talvez, o mais importante deles seja que a obra consegue fundir teologia, reflexão pastoral e ensino prático de uma forma que orienta o leitor para uma transformação genuína. O Papa confronta questões morais sem cair no moralismo, envolvendo-as em uma explicação mais ampla sobre o corpo humano e a sexualidade humana. E ele faz isso justamente para realizar algo que vá além de uma articulação verdadeira de uma teologia do corpo. Como diz João Paulo, “o ethos cristão é caracterizado por uma transformação da consciência e das atitudes da pessoa humana” em relação ao corpo e ao sexo. A obra Teologia do corpo é uma catequese destinada a encorajar transformação pessoal; o texto tem uma qualidade meditativa que é mais bem apreciada a partir de seu interior. Portanto, os interessados em se familiarizar com essa obra seriam mais bem informados indo ad fontes, ou seja, direto à própria fonte, em vez de confiar em seus muitos expositores.

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A obra Teologia do corpo fornece uma maneira de falar sobre a sexualidade que evita tanto um caráter profano quanto um silêncio pudico. Em 2009, quando o pastor John MacArthur escreveu quatro postagens, em um blog, criticando Mark Driscoll por seus ensinamentos sobre sexualidade, ele afirmou que Driscoll havia transformado a poesia de Cantares de Salomão em “pornografia leve e obscena”. A abordagem de Driscoll, que ele próprio descreveu como “franca, mas não grosseira”, reflete um desejo generalizado entre os jovens evangélicos de ter conversas francas sobre sexualidade. Contudo, embora a instrução sobre aspectos técnicos da sexualidade tenha seu lugar, a igreja tem sua própria maneira de falar sobre sexo — pense em Gênesis 1, Efésios 5 e Cantares de Salomão —, a qual preserva suas dimensões de mistério. A obra Teologia do corpo fornece alguns recursos para transitar por esse dilema.

João Paulo II fornece uma visão do prazer sexual com a qual os evangélicos podem aprender, ainda que tenham dificuldade em engolir outros elementos de sua teologia.

Talvez o mais importante seja que João Paulo II fornece uma visão do prazer sexual com a qual os evangélicos podem aprender, ainda que tenham dificuldade em engolir outros elementos de sua teologia. A obra não hesita em proclamar o caráter bom do prazer sexual. Mas ela não reafirma nem as compreensões contemporâneas do prazer nem as teorias deficientes da natureza humana que estão por trás delas. Em vez disso, o prazer sexual deve acompanhar o significado mais fundamental do corpo humano, que é “um testemunho à criação como dádiva fundamental e, portanto, um testemunho ao Amor como fonte da qual brota essa própria dádiva”.

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Este amor, do qual o nosso corpo dá testemunho, é um amor em que “a pessoa humana se torna uma dádiva e — através desta dádiva — realiza o próprio sentido do seu ser e da sua existência”. Esta é uma maneira radicalmente diferente de enquadrar a sexualidade do que aquela em que o egoísmo sacralizado limita nossa busca pelo prazer apenas quando prejudica outras pessoas. E, ao contrário do best-seller evangélico His Needs, Her Needs: Building an Affair-Proof Marriage [As necessidades dele, as necessidades dela: construindo um casamento à prova de adultério], João Paulo não cai vítima de descrever o sexo como uma necessidade ou um impulso dentro de um relacionamento. Tratar o sexo dessa maneira mina a liberdade única que temos por meio do autodomínio e da continência, qualidades que são essenciais, se quisermos nos entregar a um relacionamento de amor. Ao situar o prazer sexual nesse contexto, João Paulo II defende seu bom caráter sem transformá-lo em algo absolutamente necessário para o florescimento humano, e muito menos na principal busca da vida humana. Existe um bem maior do que o prazer: o relacionamento mútuo de amor.

Por trás dessa compreensão da sexualidade está a visão de João Paulo II sobre o que significa dizer que os seres humanos são feitos à imagem de Deus. Em vez de apelar para uma noção individualista da imago Dei, como racionalidade ou mesmo criatividade, João Paulo II se move em uma direção mais social (como muitos teólogos evangélicos têm feito nos últimos anos). Tornamo-nos a imagem de Deus, segundo João Paulo II, “não tanto no momento da solidão, mas no momento da comunhão”. O mesmo amor abnegado que constitui a vida interior do Deus triúno se manifesta na ordem original criada e através da redenção do corpo, alcançada mediante a morte e a ressurreição de Cristo.

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Em outras palavras, a compreensão de João Paulo II da “imagem de Deus” confere ao matrimônio (e à vocação para o celibato, ainda que de maneira diferente) seu caráter sacramental. O corpo, nessa visão, é “um sinal visível da economia da Verdade e do Amor”. Como diz o Papa, somos um “corpo entre corpos”. Pertencemos ao mundo material. Mas nossa consciência de estarmos em um corpo e nossa capacidade de nos entregarmos espontaneamente em amor nos diferenciam de todas as demais criaturas que possuem um corpo. É importante destacar que, somente no final da obra Teologia do corpo, é que João Paulo II fala do casamento como um “sacramento” no sentido que os teólogos católicos usam hoje. Grande porção da primeira parte de sua explicação dedica-se a destacar a sacramentalidade do corpo — a maneira pela qual, ao nos doarmos pessoalmente, tornamos visível a imagem de Deus.

Sexualidade moldada em Jesus

No mínimo, essa explicação das dimensões sexuais do corpo tem uma profundidade que às vezes falta em nossos manuais sobre sexo e nossos ensinamentos pastorais. Mas tem essa profundidade apenas porque aponta para a relação mais básica de doação mútua no seio da criação: a relação entre Cristo e a Igreja. Quando Paulo expõe o profundo mistério entre maridos e mulheres, em Efésios 5, ele nos lembra que sua referência primária é Jesus e seu povo. Cristo se entregou por nós e, quando movidos pela graça de Deus, respondemos com a grata entrega de nós mesmos a ele e aos outros. Embora a ideia de uma sexualidade “moldada em Jesus” possa parecer escandalosa, ela aponta o caminho para um ideal do evangelho: homens e mulheres, imbuídos de uma mentalidade de servos, submetem espontaneamente sua busca de prazer físico ao bem do outro.

Embora a ideia de uma sexualidade “moldada em Jesus” possa parecer escandalosa, ela aponta o caminho para um ideal do evangelho: homens e mulheres, imbuídos de uma mentalidade de servos, submetem espontaneamente sua busca de prazer físico ao bem do outro.

Essa visão do corpo também fornece recursos importantes para solteiros e jovens, os que mais sofrem quando a sexualidade é reduzida a um impulso animal ou a um elemento essencial para o florescimento humano. Exortados a permanecerem castos dentro de uma cultura que ridiculariza a castidade como algo que é social e biologicamente autodestrutivo, não é de admirar que os jovens evangélicos lutem para viverem vidas sexualmente corretas. Uma teologia do corpo moldada na autodoação da cruz, porém, pode começar a reformular o diálogo em torno da sexualidade e do florescimento humano, sugerindo padrões de vida no corpo dos quais solteiros e casados possam participar igualmente.

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Uma teologia evangélica do corpo também ajudaria a neutralizar a espiritualidade desleixada, cuja popularidade crescente mina a diferenciação de nosso testemunho. A maneira de minimizar o apelo da ioga como prática espiritual é resgatando uma compreensão do corpo que torne mais atraentes as práticas que vemos nas Escrituras. Tal teologia também poderia assumir um tom mais evangelístico: se já teve um momento em que a dignidade e o status do corpo estiveram em questão, esse momento é agora, e os evangélicos têm a oportunidade de acolher corpos de todos os tipos, conferindo-lhes uma dignidade e um valor intrínsecos que eles não podem ter em outro lugar.

Quando Paulo exorta a igreja em Roma a que “ofereçam [seus] corpos como sacrifícios vivos”, ele está recomendando a eles um ato espiritual de adoração. Nossos corpos e o que fazemos com eles é algo que importa para Deus. Eles nos foram dados como uma dádiva — um presente que se destina a ser devolvido ao serviço de Deus. Como evangélicos, o padrão do nosso sacrifício deve ser o padrão da Cruz, e o poder para nos doarmos deve ser o poder da Ressurreição. Caso contrário, nossa ética será mero moralismo e nossa espiritualidade estará desconectada da revelação sem igual de Deus ao homem, na pessoa encarnada de Jesus Cristo.

Matthew Lee Anderson é autor de Earthen Vessels: Why Our Bodies Matter to Our Faith (Bethany House). Formado pelo Torrey Honors Institute da Biola University, ele escreve no blog em MereOrthodoxy. com

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